quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Postado por Gugu Cajú às 20:05:00


E DE QUEM É A CULPA?



Você sabe ou passa a ter certeza de que seu filho é especial. Podem ter lhe dado um título como Down, autista, lesado cerebral, excepcional... tem muitos títulos e cada dia inventam mais, porém o resultado é o mesmo.Escolhemos o termo especial pois além de mais genérico soa melhor.


Invarialvelmente vêm os questionamentos: Porque?Pode ter sido aquele susto , o nervoso durante a gravidez, talvez eu tenha algum problema que eu não saiba (e nem os médicos) ou talvez meu marido (ou minha esposa)...Será que ele (a) me escondeu alguma coisa? Eu devia ter feito isto ou não devia ter feito aquilo...E por aí a fora!


Quando se trata de procurar culpados a mente humana é brilhante! Pessoalmente conheço pessoas tão comprometidas com esta idéia de culpa que seriam capazes de morrer queimadas dentro de uma casa enquanto decidem de quem foi a culpa do incêndio.


Também sei de casos de mães que tiveram filhos em condições absurdas, embaixo de ponte, dentro de ônibus, em meio a guerras, mães com Aids, mães e/ou pais drogados, mãe estupradas, mães que tomaram mil porcarias para abortar e não abortaram e outras tantas terríveis situações e a criança nasceu normal. Soube de casos de crianças jogadas em saco plástico no lixo permanecendo horas no frio, na sujeira e ficaram normais. Crianças presas entre escombros, recém nascidas ou ainda na barriga da mãe em terremotos, desabamentos e ficaram normais.


Vale lembrar que entre milhões de espermas, apenas um fecundou, o down, o autista ou como queira chamar já venceu pelo menos uma grande prova e entre milhões. Nem o mais famoso vestibular é tão concorrido.


Mas, então porque?Porque eu? Porque meu filho? O que eu fiz para merecer isto? Será algum castigo? Vidas passadas?


Em primeiro lugar, pare com este paradigma de culpa/castigo. Isto lhe serviu na infância, mas não lhe serve mais.

Em segundo lugar, cresça. Este dualismo conceitual de bom/mal, feio/bonito, culpa/castigo, normal/defeituoso só serve para mentes pequenas com baixo ângulo do visão. Abra sua mente. Você mesmo pode achar um ator bonito de rosto mas o corpo de outro melhor. Uma pessoa mais inteligente e a outra mais bonita. Alguém bom numa área e péssimo em outra e mediano em um terceira área.Nem totalmente bom nem totalmente mau.

Com o passar dos anos, evoluímos em muitas coisas, mas certos conceitos ficam impregnados, embaralhando nosso julgamento. Ninguém quer fazer apologia a deficiência, mas chegou a hora de reavaliar com clareza a situação.

Porque têm de haver culpa se não há crime?


Há muitos "normais" por aí que invadem cinemas, matam, sequestram, destroem vidas e são considerados normais!

O conceito de normalidade precisa ser revisto. Todos desejamos o melhor para nossos filhos, mas o que é o melhor para um nem sempre é o melhor para o outro. Ninguém pergunta porque seu filho é normal, porque seu filho é bom. Ninguém se pergunta porque é saudável, porque não nasceu deficiente. Nossa mente está programada para receber o bom o belo sem questionar, como crianças mimadas e no luxo. Um belo dia recebemos uma missão e aí começam os questionamentos, as culpas. Somos os primeiros com esta conduta a discriminar nossos filhos. CHEGA!

Somos pais especiais e não temos tempo e nem condições de ficar com sentimentos inúteis como culpa, raiva e auto comiseração. Livre de pesos desnecessários, estamos em condições de lutar e fazer o melhor que pudermos.


Não importam os méritos dos porquês, importam os fatos.

Olhe nos olhos de seu filho, aceite-o de coração limpo, veja o que de melhor você pode fazer por ele.Há muito que fazer e não perca tempo em coisas mesquinhas. Leia, pesquise, lute, nunca se permita esmorecer.

Uma frase de Pedro Bloch: " enfrentaremos a situação com a ciência, consciência, paciência e muito amor"

Lucy Santos

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